quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

EUA dão apoio à França em ataque a braço da Al-Qaeda no Mali Americanos começam a transportar tropas e equipamentos franceses. França ajuda exército local a combater insurgência islâmica.





  Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira (22) que começaram a transportar tropas e equipamentos franceses para a região de Timbuktu, cidade do noroeste da República do Mali, onde a aviação francesa atacou um "centro de comando" da rede terrorista da Al-Qaeda no Magreb Islâmico (Aqmi).
A França atacou diretamente a Aqmi, o maior dos três grupos islamitas armados que ocupam o norte do Mali, visando principalmente "um centro de comando dos terroristas" perto de Timbuktu, segundo fontes concordantes francesas.
A Aqmi foi deliberadamente atacada, de acordo com uma fonte ligada ao governo francês.Na segunda-feira, o coronel Thierry Burkhard, porta-voz do Estado-Maior das Forças Armadas francesas, confirmou ataques aéreos franceses na periferia de Timbuktu.
Timbuktu, a 900 quilômetros a nordeste da capital Bamako, é uma cidade emblemática da cultura muçulmana na África, classificada como patrimônio mundial da Humanidade. Os jihadistas destruíram nesta região em diversas oportunidades antigos mausoléus de figuras sagradas muçulmanas adoradas pelas populações locais, e impuseram um rígido código de conduta, em que os desvios são punidos de forma bárbara, com lapidações e amputações.
A França ganhou o apoio de peso dos Estados Unidos: "A pedido do governo francês, nós começamos a transportar por via aérea equipamentos e tropas da França para o Mali", informou à France Presse um porta-voz do Exército americano, sem fornecer maiores detalhes.
Washington, que já havia auxiliado os franceses com informações de inteligência, anunciara na semana passada que colocaria aviões de transporte à disposição da França, mas descartou o envio de tropas.
Mais de 2.150 soldados franceses já estão mobilizados no Mali para combater os grupos islamitas armados, um número que vai aumentar nos próximos dias.
Onze dias depois do início da intervenção militar francesa, que conteve o avanço dos islamitas em direção ao sul, o general Ibrahima Dahirou Dembélé, chefe do Estado-Maior do Exército malinense considerou que a "libertação"de Gao e de Timbuktu poderá "não levar mais de um mês".
Uma coluna de soldados chadianos e nigerinos deve se dirigir principalmente para Gao, a partir de Niamey, abrindo uma nova frente contra os islamitas.
"Nós venceremos esta guerra injusta, que nos é imposta pelos terroristas e pelos traficantes", lançou nesta terça o presidente do Níger, Mahamadou Issoufou, diante do contingente de soldados nigerinos em Ouallam, região próxima à fronteira malinense.
Gao, a 1.200 quilômetros de Bamako e Timbuktu são controladas há mais de nove meses por grupos islamitas armados, que intensificaram suas ações bárbaras.
Na manã desta terça, soldados malinenses percorriam as ruas de Diabali, a 400 quilômetros ao norte de Bamako, como haviam feito na noite anterior, constatou um jornalista da AFP.
Como anunciado, os soldados franceses, que haviam ajudado na segunda os malinenses a retomar Diabali das mãos dos islamitas no dia 14 de janeiro, se retiraram da localidade à noite.
O Exército francês parece reticente em se manter nas cidades: depois de retomá-las dos islamitas, as forças francesas preferem deixá-las sob controle do Exército do Mali.
Esse é o caso de Douentza, a 800 km de Bamako, controlada desde setembro pelo Movimento pela União e a Jihad na África Ocidental (Mujao), também retomada na segunda-feira por uma coluna franco-malinense, localizada em uma rota estratégica de onde podem ser lançadas operações para o norte.
Várias fontes indicaram um recuo dos islamitas para Kidal (extremo nordeste), a 1.500 km de Bamako, perto da fronteira com a Argélia.
O pedido de ajuda logística e financeira da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) para o deslocamento de uma força de 6.000 homens ao Mali foi atendido.
A União Europeia propôs uma reunião internacional sobre o Mali para o dia 5 de fevereiro em Bruxelas, com a participação da União Africana, da Cedeao e da ONU.
Na direção oposta à da comunidade internacional, o presidente egípcio, Mohamed Mursi, ligado à Irmandade Muçulmana, se manifestou na segunda contra a intervenção no Mali, que pode alimentar o conflito na região. Paris considerou nesta terça que essa posição é "claramente minoritária".
Mahmoud Dicko, presidente do Alto Conselho Islâmico do Mali (HCIM), principal organização islâmica de um país 90% muçulmano, considerou que a intervenção da França "não é uma agressão contra o Islã".



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