Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira (22) que começaram a
transportar tropas e equipamentos franceses para a região de Timbuktu,
cidade do noroeste da República do Mali, onde a aviação francesa atacou
um "centro de comando" da rede terrorista da Al-Qaeda no Magreb Islâmico
(Aqmi).
A França atacou diretamente a Aqmi, o maior dos três grupos islamitas
armados que ocupam o norte do Mali, visando principalmente "um centro de
comando dos terroristas" perto de Timbuktu, segundo fontes concordantes
francesas.
A Aqmi foi deliberadamente atacada, de acordo com uma fonte ligada ao governo francês.Na segunda-feira, o coronel Thierry Burkhard, porta-voz do Estado-Maior
das Forças Armadas francesas, confirmou ataques aéreos franceses na
periferia de Timbuktu.
Timbuktu, a 900 quilômetros a nordeste da capital Bamako, é uma cidade
emblemática da cultura muçulmana na África, classificada como patrimônio
mundial da Humanidade. Os jihadistas destruíram nesta região em
diversas oportunidades antigos mausoléus de figuras sagradas muçulmanas
adoradas pelas populações locais, e impuseram um rígido código de
conduta, em que os desvios são punidos de forma bárbara, com lapidações e
amputações.
A França ganhou o apoio de peso dos Estados Unidos: "A pedido do
governo francês, nós começamos a transportar por via aérea equipamentos e
tropas da França para o Mali", informou à France Presse um porta-voz do
Exército americano, sem fornecer maiores detalhes.
Washington, que já havia auxiliado os franceses com informações de
inteligência, anunciara na semana passada que colocaria aviões de
transporte à disposição da França, mas descartou o envio de tropas.
Mais de 2.150 soldados franceses já estão mobilizados no Mali para
combater os grupos islamitas armados, um número que vai aumentar nos
próximos dias.
Onze dias depois do início da intervenção militar francesa, que conteve
o avanço dos islamitas em direção ao sul, o general Ibrahima Dahirou
Dembélé, chefe do Estado-Maior do Exército malinense considerou que a
"libertação"de Gao e de Timbuktu poderá "não levar mais de um mês".
Uma coluna de soldados chadianos e nigerinos deve se dirigir
principalmente para Gao, a partir de Niamey, abrindo uma nova frente
contra os islamitas.
"Nós venceremos esta guerra injusta, que nos é imposta pelos
terroristas e pelos traficantes", lançou nesta terça o presidente do
Níger, Mahamadou Issoufou, diante do contingente de soldados nigerinos
em Ouallam, região próxima à fronteira malinense.
Gao, a 1.200 quilômetros de Bamako e Timbuktu são controladas há mais
de nove meses por grupos islamitas armados, que intensificaram suas
ações bárbaras.
Na manã desta terça, soldados malinenses percorriam as ruas de Diabali,
a 400 quilômetros ao norte de Bamako, como haviam feito na noite
anterior, constatou um jornalista da AFP.
Como anunciado, os soldados franceses, que haviam ajudado na segunda os
malinenses a retomar Diabali das mãos dos islamitas no dia 14 de
janeiro, se retiraram da localidade à noite.
O Exército francês parece reticente em se manter nas cidades: depois de
retomá-las dos islamitas, as forças francesas preferem deixá-las sob
controle do Exército do Mali.
Esse é o caso de Douentza, a 800 km de Bamako, controlada desde
setembro pelo Movimento pela União e a Jihad na África Ocidental
(Mujao), também retomada na segunda-feira por uma coluna
franco-malinense, localizada em uma rota estratégica de onde podem ser
lançadas operações para o norte.
Várias fontes indicaram um recuo dos islamitas para Kidal (extremo nordeste), a 1.500 km de Bamako, perto da fronteira com a Argélia.
O pedido de ajuda logística e financeira da Comunidade Econômica dos
Estados da África Ocidental (Cedeao) para o deslocamento de uma força de
6.000 homens ao Mali foi atendido.
A União Europeia propôs uma reunião internacional sobre o Mali para o
dia 5 de fevereiro em Bruxelas, com a participação da União Africana, da
Cedeao e da ONU.
Na direção oposta à da comunidade internacional, o presidente egípcio,
Mohamed Mursi, ligado à Irmandade Muçulmana, se manifestou na segunda
contra a intervenção no Mali, que pode alimentar o conflito na região.
Paris considerou nesta terça que essa posição é "claramente
minoritária".
Mahmoud Dicko, presidente do Alto Conselho Islâmico do Mali (HCIM),
principal organização islâmica de um país 90% muçulmano, considerou que a
intervenção da França "não é uma agressão contra o Islã".
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