No show "Candeeiro de Cem Votis", o potiguar mistura música e literatura, sintetizando a cultura nordestina
A expressão nordestina
“votis”, mais usada no Rio Grande do Norte e no Ceará, quer dizer espanto,
descoberta, surpresa. É isso que o músico potiguar Zelito Coringa sentiu aos 14
anos, quando conheceu a força da luz elétrica ao ligar pela primeira vez o
interruptor de uma lâmpada de 100 Volts, que projetou um clarão em toda a casa.
A mesma sensação que ele busca canalizar em “Candeeiro de Cem Votis”, show que
apresenta hoje no Coisas de Maria João, em Santo Antônio de
Lisboa, com experimentações na viola nordestina e o resgate da literatura de
cordel. Textos de sua autoria norteiam a concepção do show, entre eles
“Semente de Nós”, “Manual de Sobrevivência” e “Aos olhos de Voz”. Mas poemas de
outros autores inspiram suas músicas, entre eles “A Muié e o Amô” do poeta
Renato Caldas e “A Mulher e o Reino”, do escritor Ariano Suassuna. O resultado
é uma síntese da alma nordestina, tecida por Zelito em sua apresentação. Ele
traz também peculiaridade na sua forma de tocar, com a técnica Sanfoneta,
extraindo o som do violão com canetas esferográficas.
Nascido em Olho
D ’água, no município interiorano de Carnaubais, o artista é
autodidata: descobriu sua vocação ouvindo música em um radinho a pilha. Ele tem
um CD gravado, “Passo de Hippie”, e já participou de vários festivais de
música. Essa não é sua primeira vez em Florianópolis, até porque trabalha há
anos com a compositora e bailarina Tatiana Cobbett, que mora na Ilha. Os músicos Marcoliva, Rafael Calegari
e Caio Muniz, também residentes da Capital, já gravaram suas canções.
Carolina Moura
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