O Conselho de Administração da Petrobras reúne-se nesta sexta-feira,
29, para enfrentar o descolamento entre os preços cobrados pela estatal dos
motoristas brasileiros e o quanto paga para importar o combustível. Mantido
inalterado desde o início do governo Dilma, o preço da gasolina sofreu elevação
neste ano com impacto direto no consumidor e novo reajuste deve ser decidido na
reunião de hoje.
O tema divide a equipe econômica e a direção da Petrobras, por isso
será arbitrado pela presidente Dilma Rousseff, que dirigia o conselho da
estatal no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Até o início da noite de
qunta-feira, 28, no entanto, não havia indicação de que Dilma apoiaria o pedido
da estatal por um novo mecanismo automático de aumento dos combustíveis.
Causou irritação no Palácio do Planalto e no Ministério da Fazenda a
opção da presidente da Petrobras, Graças Foster, de informar a investidores,
que a estatal vinha brigando por uma fórmula que assegurasse reajustes
periódicos. O mercado vem punindo a estatal pela falta de clareza na política
de preços e as ações da estatal chegaram a cair mais de 6% esta semana. Quando
anunciou que estudava um novo mecanismo, as ações subiram 9,83%.
Ao arbitrar a questão, Dilma terá do outro lado da balança a visão do
ministro da Fazenda, Guido Mantega, que teme o impacto de reajustes nos índices
de inflação. O chefe da equipe econômica de Dilma aposta no controle estatal de
preços como estratégia aliada a aumentos de juros pelo Banco Central. E a
inflação promete continuar em patamar elevado no ano que vem, como aposta a
ampla maioria do mercado consultado semanalmente pelo BC.
Encontro
Nos últimos dias, o governo evita o tema publicamente. Não quer que
divergências internas contaminem o noticiário e o humor dos investidores. Esse
cenário, porém, já vem contaminado. A pressão do câmbio sobre seu endividamento
e importação de combustíveis, a necessidade de manter seu plano de
investimentos de US$ 236 bilhões até 2017 e iniciar a operação do campo de
Libra no pré-sal representam fatores de forte pressão no caixa da estatal.
Diante da incerteza sobre o reajuste dos combustíveis, investidores preferem
vender ações da companhia a aguardar o desfecho da questão.
Em janeiro, o governo autorizou um aumento de 6,6% no preço da gasolina
e em 5,4% no diesel. Em março, o diesel foi elevado em 5%.
Fontes no governo indicam que há chance de um novo aumento na casa de
5% para a gasolina e de 10% para o diesel. Da mesma forma, fontes do Palácio do
Planalto indicam que Dilma queria um caminho intermediário entre Mantega e o
pleito da Petrobrás, porque concorda com a necessidade de dar maior
previsibilidade a investidores.
Um mecanismo de reajuste automático, no entanto, é visto como
"indexação" pela presidente e está praticamente descartado.
Economistas argumentam que o represamento de preços pode prejudicar a
inflação no futuro, porque não haveria espaço financeiro para a Petrobras arcar
indefinidamente com gasolina e diesel comprados em dólar e vendidos em reais a
preços muito discrepantes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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